terça-feira, 20 de outubro de 2009

Algumas coisas precisam ser ditas, novamente:

Acho que é a tua instabilidade que combina com a minha vontade de ser estável. Não, não é vontade, eu sei. Se fosse, alguma madrugada já teria me transformado. Esse negócio de imprevisibilidade me tira sorriso dos lábios e você, ah! Você mexe com os meus sentidos em caminhos contrários, faz malabarismos, inventa moda. Você me desespera e me aquece, em hora inexata, em madrugadas desconexas. Talvez um amor tranquilo com uma paixão insana, que deixa na pele um gosto doce de vida. Talvez esse talvez que sempre deixa uma suspeita no ar, na poesia, no que pode vir a ser. Talvez essa falta de sentido que nos percorre as veias, as bocas e nos deixa refém das nossas poesias, de qualquer arte que não seja rotina. Tudo, nada e um meio nesse meio se transformando em verso sem rima, um pouco azul. Já sei: é o teu cheiro de vida, esse teu coração que pulsa descontroladamente, invade feito incenso as minhas certezas, me faz levantar da cadeira e ir ao encontro dessa rua que me espera, desse segundo que já está se aproximando, essa vontade de fazer algo tão bom quanto à roda de samba que você me jogou só porque eu disse que dava uns passinhos por aí. Com você, eu sei ser livre. Livre para ser o que eu bem entender, o que der na telha. Livre para seguir todas as nossas vontades, arrepiando o corpo de felicidade. Esse teu futuro cheio de um dia aí, cheio de espaços em branco para os teus surtos de saudade, de carência e solidão me encorajam para a parte do não sei, onde se cambaleia, cambaleia, mas não cai. Eu não caio, ao teu lado, menino. A nossa corda bamba é mola propulsora de arte, poeta.

Mesmo que o teu blues me tire do chão, é a explosão da tua guitarra que me faz pegar as malas e dizer: vamos? São nas letras exageradas, no ponto fraco, no uísque fazendo efeito as minhas maiores investidas, meus maiores acertos. Na tua desproporcionalidade, nas tuas perspectivas que duram meia hora de melodia. Sabe, menino, é coisa que não tem nome ainda, mas que nem precisa de primavera para aflorar, pois, já fincasse raízes tuas aqui, por aqui, por ali, por todo canto que a minha alma voe.

Todo mundo tem um ponto fraco. Você é o meu, porque não?


15 de junho de 2009.
Sol, por dentro. Azul, por fora.


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Clara Arôxa

3 comentários:

  1. Que gostoso ser livre, ser como quer e de qualquer maneira com quem nos balança, nos bota no meio do samba!

    :**

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  2. Lindo, como tudo que escreves...

    Vc e Gabi transbordam tanta intensidade que juntas podem ultrapassar linhas e bordas e fórmulas...

    Gosto mto :)

    Bjos, já linkei e estou seguindo viu?

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  3. Nem li nada ainda, mas já senti vontade de comentar, a gabrielle eu conheci no falopios, e a clara tb, vcs são ótimas! juntas então, deve tá lindo, beijofuiler.

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