Me arrebenta a cara de ser interna e derrubar faíscas por aí. Me bate a coisa dura e forte que trago nas costas e no sorriso. Meu queixo é um suporte para fotografia móvel, não tenho ritmo de decorar afirmação. É sim ou é não. Minha verdade é esta grama em frente à varanda branca de tarde e chuva. Vem, vem chovendo na constância de tempo e noite. Madrugada vindo pelas minhas pernas, pêlos cortados na raiz do meu ventre de dizer verdade. A certeza é essa intensidade no chão.
Me arremata além dessas estrelas que conto, que vejo, que sussurro e ninguém vê. Um pouco do que amo vem me dar a mão. Pulsos abertos e, pelo meu tempo, estou bem na hora de alagar mostrando a cara de firma opinião. Pois o que há no peito não é choro, não é dor. É essa força de libertar a alma de grades e correções. Não me interprete mal, meu bem. É só um jeito torto de existir em linhas curvas de contraste sobre a vida. Essa coisa, esse universo, dimensão de caos e acaso na minha mão. E não giro ao umbigo, não rodopio em instantes de pessoas em mim, sou o lado de fora e o que você não vê nas pupilas de quem já chorou. Meu sono é vasto contentamento de sonhos e músicas que não param de tocar. E se eu sou uma melodia, minha gente, sou a graça de não ser certa para ensinar. Mas isso, se eu digo, é pecado não consumado e exposto em flores pela casa. Paredes da cor do vento que me surgem como palavras para derramar aqui e naquela vontade de arrancar realidade, seja como for, da manhã.
Eu não me agüento nessa decência de segurar riso ou dor. Eu não te agüento nessa melancolia de se dobrar em partes impublicáveis. Em trechinhos de sobe e desce e língua de vagar. Não te suporto em caos lento e reflexo no que não te abala, mas te recorta em pedaços de invisibilidade. Você existe e eu nem sei mais. Não te acompanho nessa preguiça de não filosofar ou não lutar pelo amanhã. Porque enquanto eu me desembalo, vocês cospem a burrice de esperar, na testa. E ver esse tal tempo passar, é o absurdo de se remediar com muro alto e parcimônia.
Mas viver, viver mesmo, é arregaçar os verbos para dizer, mostrar alguma coisa em tanta instância de vida calada. Aborto da confusão de não revolucionar caminho. Não ver sentido em ser sim ou não.
Eu sou um Sim bem grande escrito na minha cara com vontade de me arrebentarem a alma e o tufão.
'Suja o pé na lama e venha conversar comigo'.
Mas essa sua intensidade me inspira...
ResponderExcluir" Viver assim é coisa para poucos e transformar isso em textos lindos é formidável. "
Gosto demais.
Bjos
viver é arregaçar os verbos: adoro.
ResponderExcluirsó somos humanos pela linguagem que nos transcende,que nos conecta um ao outro.
arregaçar verbos, lindo.
bjs
Ale Safra
''Mas viver, viver mesmo, é arregaçar os verbos para dizer, mostrar alguma coisa em tanta instância de vida calada.''
ResponderExcluirMuito bom, nossa!