Tantos adjetivos, justificativas, verbos, versos para dizer que o que eu sentia era forte. Para explicar para o mundo que não era um erro, que era incontrolável demais para deixar largado e esquecido por aí. Para contar cada canto de pub, avenida, banco de trás de um carro velho.
Tanta vontade de encontrar sentido que só abria os braços pra você, na sua imagem de oceano profundo demais para sentir por completo. Você continuava acontecendo e continuava, como sempre, acontecendo inevitavelmente em rios para longe de mim. Eu era aquela tempestade que te encharcava quando chegava perto. Escorrendo na boca, no colo, nesse lugar de textos escancarados, onde me viu crescer.
E após tanto tempo, o que eu vejo são momentos nunca explicados simplesmente pela impossibilidade. Pelo tempo que corria como Henry Lee, transbordava como num copo, borbulhava como a minha boca em teu dedo. Você nunca esteve aqui, mas eu te chamava e chamava de amor contrariando tudo. Tudo o que eu sabia era pouco, nunca o bastante para esfregar os olhos e ver que não haveria um dia para te esquecer nesses sonhos que demoram, que não sinto falta, que não peço; mas que quando chegam, quando despertam em mim pela manhã, são gigantes de todas as formas.
Não lhe sinto falta perto ou longe. Mas, por algum motivo, a madrugada insiste nos teus cabelos bagunçados em mim. Em mim. Como tempestade no mar. Neste oceano extenso que não acaba.
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Gabriele Fidalgo
Tantas definições para explicar que o que eu sentia era um erro. O mais delicioso deles.
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