segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Porque depois que a gente vive um grande amor,
não aceita mais migalhas.



Hoje não vou falar das flores. Muito menos do meu amor por você.Eu quero ficar aqui, pensando, onde foi que desandou, qual palavra deixei de te dizer ou se o abraço foi fraco demais. Eu poderia te dar flores e dizer: “Vem, Recife muda de cheiro quando você aterriza”, no entanto, dói demais quando mal olhas para as flores que passei dias cultivando em meu próprio jardim. São as minhas preferidas, você sabia? Elas têm até um nome especial, é de uma maciez única.
A poesia está perdendo o sentido, descolorindo. É a tua presença tão distante e aguada que vai despetalando as minhas flores criadas com tanto carinho, é essa falta de abraço que me aperta o peito tanto, mas tanto que mal consigo acreditar que a pessoa que se encontra na minha frente é você, aquele você. A pior notícia: cansei de chorar, de me preocupar, de me revirar em trinta avessos, recolorir o desenho pra descobrir por onde anda a falha, onde está o ponto que não coloquei na frase. Chega uma hora que cansa né? A gente vai se guardando, floreando a alma para próximo abraço e nada, simplesmente nada.
O mais ridículo é você ainda acreditar que alguns sorrisos teus ainda fazem efeito. Quer dizer, o mais ridículo é eu ter certeza que teu sorriso faz efeito. Ou fazia, ou faz. Não importa agora. Só vim aqui te dizer que estou dilacerada, disfarçando minhas lágrimas em suor, enquanto você finge que nada acontece e me beija na nuca, como nos velhos tempos.
Estou partindo. Na mala, vai teu abraço que descansa a minh´alma, como nos velhos tempos.
Meu endereço está debaixo das tuas lembranças.

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Clara Arôxa

4 comentários:

  1. fui também. sem mala que deixei pra trás, na rodoviária, só pelo prazer de começar de novo.

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  2. Intensa.
    Não havia lido nada assim tão tão...não há uma descrição cabível...ou melhor tangível a tanta profundidade.
    Falando de você, penetrou-me a alma.
    Sinto-me despida mesmo que sem intenções.

    gostei do blog.
    xerinho.

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  3. Sei como é, agente cansa.

    LIndo texto

    Bjokas

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